quinta-feira, 10 de abril de 2014

LEITURA DIGESTIVA



O Estado de S.Paulo - 10/04

Nunca antes, desde a posse da presidente Dilma Rousseff, o seu patrono Luiz Inácio Lula da Silva assumiu publicamente, em alto e bom som, a tutela sobre a apadrinhada como na sua entrevista de anteontem a nove blogueiros selecionados por sua lealdade, para ter de antemão a garantia de não ser surpreendido por perguntas incômodas, muito menos ter contestadas as suas respostas. Essa encenação em que uns se limitam a levantar a bola para que o outro, livre de marcação, arremate e comemore foi a forma que Lula escolheu para sair da muda e informar o País do seguinte:

Se pudesse, registraria em cartório a sua condição de não candidato ao Planalto este ano, e os jornalistas de sua confiança deveriam "contribuir para acabar com essa boataria toda"; o governo tem que "ir para cima" e o PT tem que reagir "com unhas e dentes" à tentativa da oposição de fazer a CPI da Petrobrás, e se o partido assim tivesse procedido em relação à CPI dos Correios, em 2005, "possivelmente a história teria sido outra" (ou seja, o mensalão acabaria abafado); a economia está aquém do que ele e a presidente gostariam, mas não tanto como faz crer "a massa feroz de informação deformada", e de todo modo Dilma precisa explicar na campanha eleitoral o que fará para melhorar a situação a partir de 2015.

Desde sexta-feira, quando se encontraram em São Paulo, a criatura sabia que o criador iria ele próprio "para cima" do desencanto e do pessimismo que não cessam de ensombrear o governo. O que ele ouve em seu confessionário no bairro paulistano do Ipiranga, onde funciona o instituto que leva o seu nome, confere com a sua proverbial intuição para convencê-lo de que o descrédito de confiança das elites políticas, a começar dos companheiros, e das lideranças empresariais nas aptidões da presidente chegou a um nível alarmante. Se o poder fosse uma conta bancária, ela estaria afundada no cheque especial, beirando a inadimplência.

Isso, há de raciocinar Lula, ainda não prenuncia o desmanche do projeto da reeleição, mas deixa antever acidentes de percurso capazes de ameaçar a travessia com o imponderável. O mais desalentador terá sido descobrir, a cada conselho dado, mas não atendido, que a pupila ou apenas finge concordar com ele, por se achar em posse de atributos suficientes para exercer o mando como lhe pareça melhor, ou por não conseguir segui-los, porque, em poucas palavras, não é do ramo. Seja como for, Lula deve ter sido particularmente enfático ao lhe ordenar que proclamasse estar disposta a investir com unhas e dentes contra a CPI da Petrobrás - o que ela fez na segunda-feira ao avisar que não recuará um milímetro da "disputa política" com a oposição.

Decerto Lula também lhe terá dito que pretendia vir a público para defender o governo. Não se sabe se acrescentou algo como "ainda que fosse necessário cobrar da governante promessas de dias melhores para a economia". Seria uma contraofensiva ao seu estilo, a que não poderiam faltar as habituais caneladas na imprensa. "Temos que retomar com muita força essa questão da regulação dos meios de comunicação do País", aos quais acusa de tratar Dilma com "falta de respeito e de compromisso com a verdade". (Isso não o impediu de propor a Dilma "uma política agressiva de comunicação".) A sucessora não só enfiou a obsessão de Lula no fundo da gaveta, como disse logo depois da posse que "devemos preferir o som das vozes críticas da imprensa livre ao silêncio das ditaduras".

Se tiver apenas metade da inteligência de que há de se achar dotada, Dilma deve ter passado pelo desconforto de atinar com o que Lula efetivamente pretendia ao chamar os holofotes para si - mostrar a tutti quanti que resolveu exercer, agora à plenitude, a função de fiador da presidente. Ou seja, ele não precisa "voltar" para acalmar a legião de queixosos da conduta da afilhada. E ele estará por perto até o fim de seu mandato para prevenir ou, em último caso, remediar, a tempo e a hora, derrapadas da mandatária. Por sinal, como quem não quer nada, mas querendo, Lula disse aos seus blogueiros que tem recebido mais políticos, ativistas e empresários do que no seu tempo de presidente.

FOLHA DE SP - 10/04
Diante da rápida queda de popularidade do governo Dilma Rousseff, Lula decide cobrar ações para melhorar a economia brasileira

Já não constituíam novidade a deterioração das expectativas econômicas e o desconforto de empresários e investidores com relação a um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). A velocidade com que tem caído a aprovação do governo, entretanto, parece ter sido a senha para o ex-presidente Lula voltar à ribalta.

Foi numa entrevista concedida a nove blogueiros na sede do Instituto Lula, em São Paulo. Com sua verborragia característica, o petista asseverou que o país poderia estar melhor e cobrou de sua afilhada política manifestações mais claras a respeito do que fará para reanimar a economia brasileira.

Não há como imaginar que Dilma tenha se sentido confortável com tais declarações. Primeiro, porque Lula, a despeito das negativas explícitas, mantém implícita e muito viva a possibilidade de ele se candidatar, caso isso seja necessário para os planos do PT.

Além disso, o conselho de Lula não é daqueles que podem ser postos em prática sem mais considerações. Afinal, será difícil para Dilma explicar -se o fizer sinceramente- como pretende arrumar a casa sem com isso deixar claro que muitos dos problemas presentes foram causados por erros dos próprios governos petistas.

Vale lembrar, a propósito, que a guinada desenvolvimentista que está na raiz das dificuldades atuais teve início na administração de Lula. Foi a reação à crise financeira de 2008 que desencadeou a receita de aumento dos gastos do governo, uso dos bancos públicos para estimular a economia e crescimento do intervencionismo setorial.

Pode-se identificar, ademais, alguma leniência com a inflação já em 2010, quando o Banco Central evitou corrigir os juros com o vigor necessário. E assim continuou. A escalada dos preços é hoje uma das grandes preocupações da população, sentimento generalizado em todos os segmentos sociais.

À luz das pressões nas mais variadas frentes -alimentos, serviços, itens importados-, não surpreenderá se o teto da meta de inflação, de 6,5%, for rompido justamente no período eleitoral.

O PIB, por sua vez, patina. O FMI, por exemplo, pela terceira vez rebaixou a previsão de crescimento da economia neste ano, para 1,8%. O Brasil destoa dos emergentes, que crescem mais.

Pressionado pela eleição, o Planalto conta agora com pouca margem de manobra para fazer os ajustes de que o país precisa. Ao adiar decisões difíceis, porém, o governo pinta um 2015 preocupante, com tintas recessivas mais fortes do que o necessário caso tivesse começado a misturar as cores mais cedo.

Em outros carnavais, Dilma Rousseff seria exibida na campanha como a gestora ideal para lidar com o cenário conturbado. Esse tempo passou, e Lula parece saber disso melhor do que ninguém.

ZERO HORA - 10/04

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a inspirar manchetes da imprensa com declarações dadas nesta semana, em meio a um cenário especialmente conturbado para o governo. É natural que ex-ocupantes de cargos públicos se manifestem sobre questões políticas controversas, desde que estejam dispostos a submeter suas afirmações também a discordâncias. No caso das recentes declarações do petista, em entrevista a blogueiros simpáticos ao governo, mereceu destaque a referência direta à imprensa. Disse o entrevistado que “os meios de comunicação no Brasil pioraram muito do ponto de vista da neutralidade”.
Afirmou ainda o ex-presidente, numa referência às notícias sobre indícios de irregularidades na Petrobras, que “a gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”. Há uma evidente preocupação com a divulgação de fatos desfavoráveis ao Executivo e que colocam em xeque as exaltadas virtudes de gestora de sua sucessora. Ao se referir a inverdades, o ex-presidente tem como alvo fatos que já vêm sendo investigados por Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União e serão objeto de sindicância de CPI no Senado.
Observe-se que, ao contrário do que defende, o ex-presidente sentou-se à mesa com pessoas que não têm como oferecer a neutralidade reclamada. Seus ouvintes eram responsáveis por blogs assumidamente governistas, muitos dos quais sustentados por verbas oficiais. A manifestação reproduz o comportamento de líderes políticos que, ao orientar a reação de seguidores a acusações, desqualificam o trabalho dos jornalistas. O ex-presidente seria mais efetivo se contribuisse para que a presidente da República esclarecesse por que, quando chefiava o conselho de administração da estatal, teve informações sonegadas pelos que conduziam as tratativas para aquisição da refinaria. Esta é uma das verdades que não podem ser sonegadas.

O GLOBO - 10/04

A Argentina, que hoje enfrenta uma greve geral, já não inspira confiança. Para o Brasil, o país governado por Cristina Kirchner se tornou um mercado de alto risco


A Argentina pode parar hoje, a depender do nível de adesão à greve geral convocada por três das cinco centrais sindicais do país, em protesto contra a tentativa do governo de Cristina Kirchner de impor limites aos reajustes salariais dos trabalhadores e contra o aumento da criminalidade no país. Um dos líderes do movimento é o caminhoneiro Hugo Moyano, que comanda a ala da CGT antes aliada e agora na oposição à presidente. O sucesso dependerá, em grande parte, da disposição de condutores de trens e de metrô, motoristas de ônibus e caminhões e do pessoal do tráfego fluvial e aéreo de atender à convocação de líderes como Moyano.

O país vive sob o impacto da deterioração da economia e da escalada do crime. A insegurança tomou conta da província de Buenos Aires a ponto de o governador Daniel Scioli decretar estado de emergência. Scioli fez isso diante de uma onda de linchamentos públicos de delinquentes — doze em dez dias.

O problema é que, no vácuo político, a insegurança pública foi sugada, precocemente, para o centro da disputa eleitoral com vistas à sucessão de Cristina, em 2015. Scioli, cauteloso aliado peronista da Casa Rosada, é um dos prováveis presidenciáveis. Seu plano de emergência, que pretende reincorporar 5 mil policiais aposentados ao serviço, foi visto como uma resposta à violência criminal, mas também como uma jogada política de olho nas eleições. O deputado oposicionista Sergio Massa, peronista, mas em oposição ao governo e também presidenciável, justificou a reação agressiva do povo citando a “ausência do Estado” no combate ao crime.

Para analistas, a insegurança deu ao governador Scioli uma oportunidade para se distanciar do governo nacional. Sua intenção seria deixar claro aos eleitores que a principal meta deve ser o combate à criminalidade. Já a Casa Rosada se apega à mensagem de que “não há segurança sem inclusão e equidade social”, num esforço para, na impossibilidade de reeleger Cristina, conservar um eleitorado supostamente progressista.

O último informe do FMI confirmou a estagnação econômica e comparou a situação argentina à da Venezuela, advertindo sobre o aumento da inflação num contexto de “elevada incerteza”. O Fundo antecipa para o país um crescimento de apenas 0,5% este ano e de 1% em 2015. Segundo consultorias privadas, a inflação foi de mais de 28% em 2013. Mas o FMI não faz projeções para os próximos anos porque não confia nas estatísticas oficiais, sabidamente manipuladas.

A Argentina não inspira confiança, nem às instituições internacionais nem aos investidores. Inspira cuidados. Para o Brasil, que tem no vizinho seu principal comprador de produtos manufaturados, o país governado por Cristina Kirchner é hoje um mercado de alto risco.

GAZETA DO POVO - PR - 10/04

Uma CPI para investigar tudo, como quer o PT, acabará não investigando nada, como bem sabe o PT


Quando o presidente do Senado, Renan Calheiros, fez pouco de suas responsabilidades e remeteu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa os requerimentos do governo e da oposição para a criação de CPIs que investigassem a Petrobras e uma série de outras denúncias, o desfecho já estava decidido: como a CCJ tem ampla maioria governista, obviamente prevaleceria a farsa que o PT montou para inviabilizar as investigações sobre a gestão desastrosa da estatal, responsável por escândalos como os das refinarias de Pasadena e Abreu e Lima, as supostas propinas pagas por uma empresa holandesa e os malfeitos de ex-diretores como Paulo Alberto Costa, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Ontem, a CCJ aprovou, como se imaginava, o pedido do governo para a criação de uma CPI que investigue não apenas a Petrobras, mas também o cartel dos trens paulistas e o Porto de Suape, em Pernambuco – acusações lançadas sob medida para atacar os partidos dos dois principais candidatos de oposição a Dilma Rousseff em outubro, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). O PT, afinal, não quer investigar nada; quer apenas tumultuar a apuração das graves denúncias que envolvem a Petrobras, que em apenas um ano perdeu mais de 100 posições no ranking das maiores empresas do mundo.

É claro que uma CPI que se proponha a investigar tudo vai acabar não investigando nada. A falta de foco, proposital, vai arruinar qualquer tentativa de descobrir o que de fato acontece nos bastidores da maior empresa brasileira. Como bem disse, na terça-feira, o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, se o PT quisesse investigar até o Trem das Onze, que pedisse a abertura de uma CPI específica, pois tem assinaturas suficientes para tal. Não é coincidência que o escândalo dos trens paulistas tenha aparecido na imprensa há tanto tempo e só agora, quando a oposição pede a investigação sobre a Petrobras, os petistas tenham se dado conta de que ele merecia uma CPI. “Querem embaralhar as cartas”, resumiu o tucano.

O PT demonstra, assim, mais uma vez, que tem compromisso apenas consigo próprio; não tem compromisso com a transparência, com o patrimônio do Estado e dos brasileiros, com a decência na administração pública, nem mesmo com a coerência – pois o partido pedia uma CPI que investigasse fatos completamente independentes entre si enquanto tentava inviabilizar a CPI da oposição, que só pretendia investigar a Petrobras, alegando que as denúncias envolvendo a estatal eram desconexas.

Durante seus anos no poder, o PT já atacou uma série de instituições: as agências reguladoras, aparelhadas pelo partido, perderam a força necessária para defender o consumidor; com o mensalão, o partido tentou comprar o Legislativo para submetê-lo ao Executivo; o Supremo Tribunal Federal sofreu uma campanha de desmoralização constante desde o início do julgamento dos mensaleiros. Agora, o PT destrói as CPIs, um dos poucos recursos que restam à oposição para cumprir seu papel de fiscalizar o governo. A partir de agora, sempre que surgir uma iniciativa de CPI que possa prejudicar o governo, bastará à base aliada sugerir uma comissão “combo”, acrescentando mais um punhado de assuntos variados para atacar a oposição, para matar no nascedouro a investigação.

Especialmente triste para o Paraná é o fato de a senadora Gleisi Hoffmann estar na linha de frente da farsa petista para acabar com a investigação sobre a Petrobras. “Apresentaremos também um mandado de segurança ao Supremo Tribunal Federal com base nos mesmos argumentos para que se conceda uma liminar para que se suspenda a instalação da CPI [da oposição] por não atendimento da determinação e conexão dos fatos”, prometia, ontem, na CCJ, enquanto seu grupo garantia a aprovação da “CPI de tudo”, em contradição com o que alegava a senadora para atacar a “CPI só da Petrobras”. Já existe um pedido, da oposição, para que o Supremo coloque ordem no caos causado pelo governo e mantenha o foco na CPI. O plenário do Senado decidirá na próxima terça-feira se segue ou não o entendimento da CCJ, mas tudo indica que o Judiciário, agora, é a única esperança de que tenhamos uma investigação decente sobre o desastre que tem sido a administração da Petrobras.

O GLOBO - 10/04

A inflação acumulada em 12 meses atingiu 6,15% em março. Mas as despesas totais do governo federal cresceram cerca de 15% no primeiro bimestre do ano


A inflação em março acabou superando as expectativas mais pessimistas, acumulando uma alta de 6,15% no período de 12 meses, medida pelo IPCA, índice de preços calculado pelo IBGE. Aproxima-se perigosamente do teto (6,5%) da meta estabelecida pelo próprio governo. É um quadro preocupante, pois é possível que todos os estragos da longa estiagem do último verão não tenham sido inteiramente absorvidos pelos preços dos alimentos e no custo da energia elétrica para os consumidores.

As taxas básicas de juros já estão em patamar elevado, e tendem a retrair o consumo doméstico dos bens que mais dependem de financiamentos. E, de certa, forma, contribuíram para anular uma das fontes de pressão inflacionária, que era a perspectiva de uma desvalorização mais forte do real.

Nessa conjuntura, há ainda um fator macroeconômico que continua contribuindo para a aceleração da inflação: as finanças públicas. Embora a presidente Dilma tenha publicamente assumido o compromisso de controlar a inflação, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, venha enfatizando que as finanças públicas sofrerão um ajuste significativo em 2014, o superávit primário do governo federal diminuiu em relação a 2013 nos dois primeiros meses do ano.

As autoridades alegam que é uma situação temporária, derivada do grande volume de restos a pagar transferidos de um exercício fiscal para o outro, e da inesperada estiagem na região Centro-Sul, que reduziu o nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que levou ao encarecimento da energia elétrica pela necessidade de manter ligadas praticamente todas as usinas térmicas disponíveis do país.

Mas, numa conjuntura em que o problema da inflação se agrava, não há nada que justifique um aumento de mais de 15% nas despesas totais do governo federal no primeiro bimestre, enquanto as receitas tributárias não chegaram a crescer 6%. A conta de “pessoal e encargos sociais” cresceu nada menos que 13,5%, o que mostra que a explosão de gastos não é uma situação passageira e concentrada em restos a pagar ou nos repasses do Tesouro às distribuidoras para cobrir o rombo causado pelo encarecimento da energia.

Este ano não há possibilidade de o governo ir empurrando com a barriga um fraco superávit primário, pois não está prevista qualquer receita extraordinária no apagar das luzes do exercício, como ocorreu em 2013, com o leilão do campo de petróleo de Libra, na camada do pré-sal da Bacia de Santos, quando o Tesouro faturou R$ 15 bilhões de uma só tacada.

Para cumprir a promessa de pôr em ordem as finanças públicas em 2014, desde já o governo precisará apresentar resultados concretos. Se os agentes econômicos se sentirem ludibriados, a conta virá sob a forma de mais inflação, o que tornará o ajuste cada vez mais difícil.

“A renúncia dele, agora, não muda nada”
Deputado Ricardo Izar (PSD-SP) sobre André Vargas, sócio do doleiro Alberto Youssef


VIÚVA-BOMBA ASSOMBRA O PT NA CPI DA PETROBRAS

Viúva do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), um dos pivôs do escândalo do mensalão no Congresso, Stael Fernanda Janene pode ser peça-chave na Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará denúncia contra a Petrobras envolvendo o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal. A viúva reivindicaria dinheiro em conta milionária do falecido marido no exterior, da qual o doleiro teria se apossado.

AMIGOS ÍNTIMOS

Alberto Youssef é padrinho de um filho do Janene, de quem carregava um cheque na carteira quando foi preso pela PF, em 2001.

RAMIFICAÇÕES

Janene teria feito a ponte entre Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto, envolvido na compra da refinaria de Pasadena, EUA.

IRMÃO CAMARADA

O ex-líder do Partido Progressista também era fortemente ligado ao vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), sócio de Youssef, que está preso.

PELA ORDEM

O líder do SDD, Fernando Francischini (PR), garante que seu primeiro requerimento, se a Comissão Parlamentar de Inquérito for instalada, será para ouvir a “viúva explosiva”.

PSDB COBRA RESULTADO DA ‘FAXINA’ DE DILMA EM 2010

Líder da oposição na Câmara, Domingos Sávio (PSDB-MG) solicitou ao ministro Jorge Hage (CGU) informações sobre andamento e conclusão das investigações que levaram à demissão – na propalada “faxina” da presidente Dilma em 2010 – dos ex-ministros Antônio Palocci (PT), Alfredo Nascimento (PR), Carlos Lupi (PDT), Orlando Silva (PCdoB), Wagner Rossi (PMDB), Pedro Novais (PMDB) e Mário Negromonte (PP).

FACHADA

Os ex-ministros, que foram alvos de denúncias de corrupção em 2010, saíram dos cargos, mas indicaram seus substitutos.

CADÊ O DINHEIRO?

O líder da oposição questionou ainda a Controladoria-Geral da União sobre a devolução do dinheiro desviado ou apropriado indevidamente.

MARRONZINHO

A entrevista de Lula a blogueiros amigos, terça, consagra o “jornalismo de torcida”, com direito a aplausos e até assobios na plateia.

TESTEMUNHA

Relator do processo de cassação do vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) pretende ouvir o doleiro Alberto Youssef, caso não atrapalhe o andamento do processo.

DEIXA PRA LÁ

Sem controle da bancada na Câmara, chefiada pelo líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vice Michel Temer cancelou ontem a reunião de trabalho que ocorreria na casa do vice-governador Tadeu Filippelli (DF).

GESTÃO ANTERIOR

Citado nas investigações da Polícia Federal por ter recebido doação eleitoral intermediada pelo doleiro Alberto Youssef, o PP nacional pode desligar os ex-dirigentes Mário Negromonte e Henrique Pizzolato.

BATATAS QUENTES

Relator da MP 627 no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) deve deixar à presidente Dilma a tarefa de remover os mais de vinte “contrabandos” enxertados pelo relator e líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

GATOS MIÚDOS

O Tribunal Superior do Trabalho multou a Petrobras em R$ 500 mil pelo uso de uma “cooperativa de metalúrgicos” do estado do Rio para recontratar ex-funcionários, sonegando encargos trabalhistas.

AFUNDANDO JÂNIO

A família do ex-presidente processa o eterno candidato Levy Fidelix (PRTB) por uso indevido do nome de Jânio Quadros em uma fundação que criou, e ainda cobra os valores que ele arrecadou.

NEGÓCIO DA CHINA

Era lero-lero o complexo graneleiro de US$ 2 bilhões do grupo Chongqing Grain Group Corp em Barreiras (BA) para exportação. Em três anos só o mato cresce nos 100ha devastados, apurou a Reuters.

DE OLHO EM 2016

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fechou o plano de ação para a Copa do Mundo. O foco agora é nas Olimpíadas do Rio, em 2016. O diretor da Abin, Wilson Trezza, deve sair da agência após o Mundial.

PENSANDO BEM...

... “santa CPI”: enquanto os escândalos da Petrobras entram pela porta do Congresso, dona inflação invade nossas casas pela janela.


PODER SEM PUDOR

TUDO É POSSÍVEL

O advogado Mendes de Barros, que ficaria famoso como o "marajá das Alagoas", foi candidato ao Senado pelo MDB, em 1970. Num comício em Pilar, praça lotada, um vereador anunciou sua presença:

- Está aqui o doutor Mendes de Barros, nosso futuro governador!...

Mendes puxou o sujeito pela camisa e lhe soprou no ouvido:

- Não é "futuro governador", é "futuro senador"...

Ao microfone, o vereador compartilhou sua resposta com a multidão:

- Tem importância não, dr. Mendes. Nesta terra tudo pode acontecer...

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