segunda-feira, 31 de março de 2014

Medo e morte: 19 fotos que provam que a natureza na Austrália é assustadora

Você provavelmente já ouviu falar sobre como a Austrália está repleta de pequenos (e grandes) bichinhos que podem matar você com pouco esforço – ou pelo menos lhe causar dores e sustos que vão fazer você achar que vai morrer mesmo. Se você continua duvidando disso mesmo após tudo o que já deve ter visto aqui no Mega Curioso, então confira as imagens a seguir e acabe com suas dúvidas.
Desde cobras e crocodilos gigantescos que aparecem nos lugares mais inusitados até criaturas exóticas que carregam vírus e venenos mortais para seres humanos — além de granizo maior que bolas de bilhar —, você vê a seguir provas fotográficas de toda a fúria da natureza australiana. E se prepare, pois, embora alguns dos seres não consigam matar, eles certamente não são agradáveis para as pessoas mais sensíveis.

1 – Pítons tão grandes que conseguem erguer marsupiais

Na foto, vemos uma dessas cobras gigantes erguendo um wallaby, que é apenas um pouco menor do que um canguru.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

2 – As virulentas raposas-voadoras

Embora pegar uma doença diretamente desses grandes morcegos seja algo incomum, sabe-se que eles são portadores de dois vírus capazes de matar.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

3 – Grandes tubarões brancos surfando

Se você achava que era só os humanos que curtiam pegar uma onda, então olhe de novo. Na Austrália não é incomum que esses assustadores predadores marinhos cheguem perto das praias.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

4 – Crocodilos na marola

Afinal, não são só os tubarões que podem, certo?
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

5 – Cobras que comem crocodilos

Qualquer semelhança com uma serpente gigante famosa por uma série de filmes de terror pode não ser mera coincidência.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

6 – Montes e montes de aranhas

O país é famoso também pela quantidade e variedade de espécies de aranhas, sendo muitas delas venenosas.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

7 – Enxames e infestações de insetos e moscas

Nada letais, mas nem por isso pouco incômodos, esses pequenos seres costumam voar em bandos e se agruparem em todo tido de superfície – até mesmo as cabeças e corpos de transeuntes desavisados.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

8 – Centopeias gigantes venenosas

Esses assustadores bichinhos podem morder se forem perturbados ou manuseados de forma inadequada. Seu veneno pode causar uma dor intensa que leva dias para passar. Ah, e eles conseguem até se alimentar de cobras!
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

9 – Crocodilos muito, muito grandes

Esses enormes, assustadores e letais répteis costumam dar um passeio pelas ruas das cidades australianas.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

10 – Um balde cheio de aranhas letais

Capturados na região de camping das Blue Mountains, cada um desses pequenos aracnídeos Atracinae é capaz de matar com uma mordida.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

11 – Bichos subterrâneos grotescos

Eles são inofensivos, mas essas minhocas gigantes e grilos-toupeira certamente não são agradáveis para quem sente repulsa por insetos e seres rastejantes.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

12 – Pássaros grandes e raivosos

Invada o território de um desses casuares e se arrisque a voltar para casa com alguns ferimentos.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

13 – Água-viva minúscula e letal

Embora sejam menores que uma unha, as águas-vivas irukandji podem ser algumas das criaturas mais perigosas da Austrália. Seu veneno é 100 vezes mais potente que o de uma cobra poderosa e mil vezes mais forte que o de uma tarântula.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

14 – O único polvo fatal para humanos

Único ser do tipo cujo veneno é capaz de nos matar, o polvo-de-anéis-azuis é certamente um adversário a ser temido. Embora o animal seja pequeno, não existe antídoto para sua substância.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

15 – Caracol que pode causar asfixia

A mais venenosa das quinhentas espécies de caracóis cônicos, o Conus mamoreus já foi responsável por várias mortes humanas. Injetado por um dente similar a um arpão, seu veneno pode causar paralisia dos músculos respiratórios, levando à asfixia e, portanto, à morte.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

16 – Um dos peixes mais camuflados e letais do mundo

Os peixes-pedra são extremamente venenosos e costumam permanecer deitados e imóveis no piso marinho, ficando muito parecidos com simples rochas ou pedaços de coral. Eles possuem espinhos dorsais que podem injetar um veneno extremamente tóxico que causa dor intensa e pode matar.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

17 – Granizo matador

Chuvas de granizo mais intensas podem fazer cair verdadeiros pedregulhos de gelo do céu, maiores do que bolas de bilhar. Um desses na cabeça e você vai se juntar aos seus ancestrais mais cedo.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

18 – Cobras em todos os lugares

Buracos em campos de golfe, lojas de roupas e privadas, nenhum lugar é sagrado para as serpentes australianas. Uma delas já chegou até a ser avistada na asa de uma avião que voava do país para Papua Nova Guiné.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed

19 – Até mesmo poços de água doce podem matar

Em dias em que a temperatura ambiente estiver superior a 24ºC, alguns locais de água doce passam a abrigar espécies de seres microscópicos capazes de causar meningite amébica. Bastante rara, a doença é altamente letal, com uma taxa de sobrevivência de menos de 3%. E basta entrar na água para pegar.
Fonte da imagem: Reprodução/BuzzFeed
Mesmo com todos esses pontos medonhos, vale ressaltar que a Austrália é um país de natureza muito bela e com uma cultura bastante rica. E aí, está disposto a se arriscar para conhecer melhor? Deixe sua opinião nos comentários.
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É dos carecas que elas gostam


Uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia (EUA) concluiu que os carecas são vistos como mais dominantes, confiantes e masculinos do que os homens com cabelo. Eles até mesmo podem ser vistos como pessoas com mais “liderança”.
No entanto, nem sempre são associados à atratividade: geralmente, os carecas são considerados menos atraentes.
O principal autor do estudo, Albert Mannes, resolveu pesquisar o assunto a partir de uma experiência própria: cerca de 10 anos atrás, ele adotou a aparência raspada, e estranhos começaram a lhe tratar de maneira diferente. “Eles eram um pouco mais distantes e, em alguns casos, respeitosos. Fiquei surpreso com isso”, conta Mannes.

O fator dominante

Uma série de estudos já analisou as características que levam as pessoas a perceberem “domínio”, de altura a postura a cor dos olhos (castanho, aparentemente, leva a uma percepção mais dominante do que azul).
A maioria destes traços é fixa (você não pode mudar), mas o cabelo é particularmente interessante porque é maleável. Esse não é o primeiro estudo em que homens com a cabeça raspada são classificados como mais dominantes que os cabeludos. Ainda assim, a pesquisa é interessante porque confirma esse achado.

Os estudos

O resultado foi baseado em uma série de três estudos. No primeiro, Mannes pediu para os participantes classificarem homens em uma série de características diferentes, como dominação, atratividade, idade e força física.
59 estudantes universitárias viram fotos de 25 homens, tanto negros quanto brancos. Dez dos homens tinham a cabeça raspada, enquanto os outros tinham cabelo de comprimentos diferentes, sem sinais visíveis de calvície. Os homens carecas foram consistentemente classificados como mais dominantes.
No segundo estudo, 367 adultos avaliaram oito fotografias dos mesmos homens do primeiro estudo. Metade dos participantes viram fotos originais da pessoa com seu cabelo, e a outra metade viu fotos que haviam sido modificadas para que os homens ficassem carecas.
As características dominância, masculinidade, idade, altura, força física e confiança foram classificadas mais altamente
nos homens com as fotos modificadas, ou seja, nas versões raspadas. Na verdade, os homens carecas foram vistos como quase um centímetro mais altos e 13% mais fortes do que seus colegas com cabelo. Eles também foram vistos como menos atraentes, no entanto.
No último estudo, Mannes dispensou as fotografias e 588 adultos leram uma descrição de um homem normal. Em uma versão, o homem foi descrito como tendo muito cabelo. Em outra, ele tinha cabelo naturalmente em queda (estava ficando careca), e em uma terceira versão, ele tinha a cabeça raspada.
Mais uma vez, o homem careca por escolha foi visto como mais dominante, mais masculino e mais forte, enquanto o homem ficando naturalmente careca foi mais mal classificado em características desejáveis.

Traço cultural

Mannes acredita que essa percepção – do homem careca ser mais masculino, viril – provavelmente tem a ver com estereótipos culturais. Não só nos EUA, onde a pesquisa foi feita, como no Brasil, o visual raspado tem se tornado mais comum e é predominante em profissões tradicionalmente masculinas, como militares, policiais, atletas, etc.
Sem contar que atores de filmes de ação hollywoodianos, como Bruce Willis, aumentam a fama do “careca corajoso e forte”.
Por fim, a cabeça raspada também pode sinalizar que um homem é confiante o suficiente para “desistir de seu cabelo”. A escolha de se barbear voluntariamente sugere que a pessoa é segura o suficiente para não precisar de um traço tão comum quanto o cabelo. “Eles estão dispostos a dispensar este símbolo de beleza e poder”, explica Mannes.
Seria o equivalente a mulheres usando roupas e acessórios ou cortes de cabelo extravagantes: isso demonstra o quanto ela é confiante.
O pesquisador alerta que em outros lugares e países, como no Reino Unido, por exemplo, o visual careca pode ser mais associado com a cultura skinhead e, portanto, ser menos desejável.
A sugestão do pesquisar é: se você ainda quiser parecer bonito, mantenha seu cabelo. Mas se quiser parecer mais confiante ou masculino, raspe. E, se seu cabelo estiver caindo naturalmente, pode ser melhor raspá-lo, ou você corre o risco de ficar sem duas características desejáveis: atratividade e dominância.[HuffingtonPost, Guardian, LiveScience]

Os termogênicos podem afetar a visão

As substâncias proibidas são eficientes para queimar gordura, mas podem provocar sérios prejuízos na visão
Muito utilizado por quem quer emagrecer e pelos praticantes de atividades físicas, os termogênicos são substâncias que impedem a formação de energia proveniente dos alimentos, o que faz com que a temperatura do corpo aumente, os batimentos cardíacos fiquem mais elevados e a pessoa se sinta mais disposta para malhar. No Brasil, a maioria desses suplementos tem cafeína em sua composição, no entanto, ainda é possível encontrar produtos com efedrina e dinitrofenol (DNP), que podem causar problemas sérios nos olhos, como catarata e glaucoma.
Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier Leôncio Queiroz Neto, essas duas substâncias são proibidas no Brasil e nos Estados Unidos, mas pela internet e em algumas lojas de suplementos ainda é possível comprar suplementos com esses componentes. "Na frente da loja ficam os produtos liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e no fundo são vendidos os que não são permitidos. A proibição não está sendo suficiente e o problema é que as pessoas não encaram esses produtos como remédios, mas como suplementos dietéticos", analisa Neto.
Essas duas substâncias seriam mais procuradas por serem mais eficientes para quem quer emagrecer. Neto cita um estudo realizado na Universidade de Stanford que aponta que o dinitrofenol deixa o metabolismo 50% mais rápido, o que faz com que a pessoa consiga emagrecer de 1,5 a 2 quilos por semana. Mas essa mesma pesquisa também mostrou os efeitos colaterais dessa substância já que sete mulheres de 45 a 55 anos desenvolveram catarata bilateral depois de tomar suplemento com esse componente num período de seis a oito meses.
Segundo Amaryllis Avakian, oftalmologista da Clínica AACO, o DNP é um queimador de gordura muito eficiente, pois atua diretamente no metabolismo do ATP (molécula que serve para armazenar e utilizar energia), evitando sua formação. "Pouca produção de ATP faz com que o organismo tenha que metabolizar mais açúcar para queimar energia. Sendo assim, como todo o alimento que ingerimos não é usado para formação de ATP, o organismo tem que tirar dos seus estoques de gordura a energia necessária para sobrevivência", explica.
A médica conta que os sintomas observados com o uso dessa substância são transpiração excessiva, desidratação, respiração ofegante, taquicardia, aumento da pressão arterial, elevação das taxas metabólicas, insônia e náuseas.
Avakian afirma ainda que o problema dessa substância é a dosagem ingerida, pois quando consumida em excesso pode levar à morte. "Outros efeitos colaterais são dermatites, alterações no sistema nervoso periférico e problemas visuais, dentre eles, a formação de catarata, principalmente em mulheres", aponta.
Neto explica que essa sequela visual pode ocorrer com o uso do DNP, pois o termogênico gera calor e acelera a morte das células. "A catarata surge porque o cristalino do olho se torna opaco, o que reduz a qualidade da visão. Não existem medicamentos capazes de recuperar essas células e o único tratamento disponível é a cirurgia em que o cristalino opaco é retirado e substituído por uma lente intraocular", explica.
Arte/UOL Escolha se seu objetivo é emagrecer, ganhar massa corporal ou definir seu corpo e confira a dieta suplementar mais recomendada para você
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A efedrina, por sua vez, já foi uma droga muito eficiente no tratamento da obesidade, pois é uma substância parecida com as anfetaminas. "Ela possui uma grande ação termogênica e proporciona grande queima de gordura, no entanto, ela causa dependência e uma série de efeitos colaterais como problemas cardíacos, alterações renais e endócrinas e aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca", aponta Avakian.
De acordo com a oftalmologista da Clínica AACO, o uso dessa substância também pode trazer outros malefícios como lesões na pele, comprometimento do fígado, queda da imunidade e risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Queiroz Neto conta que um paciente, depois de tomar esse suplemento, chegou ao consultório com a visão embaçada e o exame mostrou que, independente da quantidade de luz, sua pupila se mantinha dilatada. O oftalmologista afirma que esta condição diminui o ângulo entre a íris (parte colorida do olho) e a córnea, o que predispõe ao aumento da pressão intraocular, característica do glaucoma de ângulo fechado.
"Essa doença é a maior causa de perda irreversível da visão e não apresenta sintomas. Quem tem glaucoma de ângulo fechado geralmente só percebe a doença durante uma crise aguda, que é caracterizada por dor intensa nos olhos, queda visual, enxergar halos ao redor da luz, náusea e vômito", explica Queiroz Neto. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, para prevenir a evolução do glaucoma o paciente precisou interromper o uso do termogênico, só que ainda assim ficou com sequela visual.
Para evitar esses problemas, Queiroz Neto acredita que as pessoas precisam se conscientizar de que essas substâncias são como remédios e podem ter efeitos colaterais. "Normalmente, a pessoa não busca pela efedrina, mas sim pelo termogênico que vai ajudar a emagrecer, portanto o ideal é sempre olhar a embalagem antes do uso e só tomar qualquer suplemento com supervisão médica", finaliza.

O analfabetismo econômico na Copa do Mundo do Brasil

Enviado por em 30 de março de 2014 – 14:55Comente

O QUE REALMENTE ESTÁ EM JOGO AGORA


Standard & Poor's
A agência Standard & Poor’s, uma das que fazem classificação de risco de países e empresas, alterou a nota do Brasil para pior: de BBB para BBB-. A velha mídia aproveitou para fazer a festa.
Se alguém acha que esse é um debate econômico, está redondamente enganado. A economia continua sendo um assunto importante demais para ficar restrito aos economistas.
A elevação ou o rebaixamento da nota de um país são entendidas, mundo afora, como um sinal do quanto um país é rentável e confiável.
Confiável segundo agências de classificação especializadas em dizer aos grandes financistas internacionais onde investir seu dinheiro para obter maiores lucros, com a garantia de que não tomarão um calote.
PADRÃO DE POBREZA
A Standard & Poor’s foi criada no século XIX, nos Estados Unidos, por Henry Varnum Poor, em plena época dos chamados barões ladrões – os robbers barons.
Os grandes investidores que Henry Poor avaliava e recomendava ganhavam dinheiro com ferrovias, siderúrgicas e empresas de petróleo.
Uma parte significativa dos lucros desses magnatas vinha da apropriação de terras e outros ativos públicos e da arte de usar e roubar o dinheiro de pequenos investidores desavisados, que depositavam suas economias no nascente mercado de ações.
Esses barões ladrões do século XIX não eram tão diferentes dos mais recentes, que causaram a grande crise financeira de 2008 e 2009. Todos bem recomendados pela Standard & Poor’s.
Standard & Poor's
A avaliação de risco do Brasil basicamente expressa o quanto o país continua sendo um dos paraísos mundiais do rentismo, a mágica de ganhar dinheiro com o trabalho dos outros.
Quanto mais a política econômica de um país é ditada pelos interesses dos rentistas, melhor a nota.
Para não ser rebaixado pelas agências, um país precisa rebaixar sua política econômica. Tem que seguir uma receita orientada pelo objetivo de fazer crescer o volume de dinheiro movimentado pelas finanças, e não o de fazer crescer o país.
A mesma fórmula é exigida às nações que correm de pires na mão ao Fundo Monetário Internacional, do qual nos livramos recentemente.
CONTINHA SIMPLES
Se o Brasil sofreu o rebaixamento de um único pontinho, “o que eu tenho a ver com isso?”, pode e deve perguntar o cidadão. Tem a ver com o custo de vida, o preço do feijão, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio. Não deveria, mas tem.
Para dizer a verdade, esse rebaixamento tem a ver até com a Copa do Mundo de futebol, pois, enquanto tem gente preocupada, com razão, com o custo dos estádios, se esquecem do principal.
Para se ter uma ideia: o País vai gastar cerca de 8 bilhões em estádios. É, de fato, muito dinheiro. Mas o analfabetismo econômico ajuda todo mundo a se esquecer de fazer uma conta primária que, de fato, importa.
O Brasil gastou, em 2013, R$ 248 bilhões com o pagamento de juros, segundo o Banco Central. Pois bem, dividindo esse valor pelos 365 dias do ano, pagamos mais de R$ 679 milhões diariamente.
Robbers Barons
Vamos comparar com a Copa? Dá quase para construir um estádio do Mineirão por dia!
Aliás, registre-se que o Mineirão só tem R$ 11 milhões de dinheiro público envolvido em seu financiamento. O restante será pago pela iniciativa privada. Dois dias de juros da dívida pagam mais de um Maracanã.
E ainda tem gente que acha que a Copa é o absurdo dos absurdos do gasto em dinheiro público. É a prova cabal do quanto perdemos a noção das coisas.
Perdemos a noção de grandeza e a de proporção. Com isso, perdemos também o senso crítico em relação a esse buraco negro de nossas finanças públicas. Depois, perdemos o foco das prioridades.
PIADA OU BURRICE?
Finalmente, erramos o alvo das manifestações. Tem gente malhando o Judas (a Copa, a Fifa) fingindo que está enfrentando o Império Romano. Se não for piada, é burrice, hipocrisia ou desonestidade intelectual.
Quem sabe, um dia, alguém se lembre de escrever a frase em um cartaz: “Cada 1% de aumento na taxa de juros custa R$ 20 bilhões aos brasileiros”. É uma mensagem mais consistente e valiosa do que “Não é só pelos 20 centavos”.
Vinte bilhões são duas vezes e meia, por ano, o que iremos investir em estádios, que serão pagos em 15 anos em empréstimos ao BNDES – ou seja, dinheiro que voltará aos cofres públicos.

Leia a análise completa de Antonio Lassance na Carta Maior.

Leia mais em: http://www.materiaincognita.com.br/o-analfabetismo-economico-na-copa-do-mundo-do-brasil/#ixzz2xXlR2DPL

opa do Mundo do Brasil

Enviado por em 30 de março de 2014 – 14:55Comente

O QUE REALMENTE ESTÁ EM JOGO AGORA


Standard & Poor's
A agência Standard & Poor’s, uma das que fazem classificação de risco de países e empresas, alterou a nota do Brasil para pior: de BBB para BBB-. A velha mídia aproveitou para fazer a festa.
Se alguém acha que esse é um debate econômico, está redondamente enganado. A economia continua sendo um assunto importante demais para ficar restrito aos economistas.
A elevação ou o rebaixamento da nota de um país são entendidas, mundo afora, como um sinal do quanto um país é rentável e confiável.
Confiável segundo agências de classificação especializadas em dizer aos grandes financistas internacionais onde investir seu dinheiro para obter maiores lucros, com a garantia de que não tomarão um calote.
PADRÃO DE POBREZA
A Standard & Poor’s foi criada no século XIX, nos Estados Unidos, por Henry Varnum Poor, em plena época dos chamados barões ladrões – os robbers barons.
Os grandes investidores que Henry Poor avaliava e recomendava ganhavam dinheiro com ferrovias, siderúrgicas e empresas de petróleo.
Uma parte significativa dos lucros desses magnatas vinha da apropriação de terras e outros ativos públicos e da arte de usar e roubar o dinheiro de pequenos investidores desavisados, que depositavam suas economias no nascente mercado de ações.
Esses barões ladrões do século XIX não eram tão diferentes dos mais recentes, que causaram a grande crise financeira de 2008 e 2009. Todos bem recomendados pela Standard & Poor’s.
Standard & Poor's
A avaliação de risco do Brasil basicamente expressa o quanto o país continua sendo um dos paraísos mundiais do rentismo, a mágica de ganhar dinheiro com o trabalho dos outros.
Quanto mais a política econômica de um país é ditada pelos interesses dos rentistas, melhor a nota.
Para não ser rebaixado pelas agências, um país precisa rebaixar sua política econômica. Tem que seguir uma receita orientada pelo objetivo de fazer crescer o volume de dinheiro movimentado pelas finanças, e não o de fazer crescer o país.
A mesma fórmula é exigida às nações que correm de pires na mão ao Fundo Monetário Internacional, do qual nos livramos recentemente.
CONTINHA SIMPLES
Se o Brasil sofreu o rebaixamento de um único pontinho, “o que eu tenho a ver com isso?”, pode e deve perguntar o cidadão. Tem a ver com o custo de vida, o preço do feijão, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio. Não deveria, mas tem.
Para dizer a verdade, esse rebaixamento tem a ver até com a Copa do Mundo de futebol, pois, enquanto tem gente preocupada, com razão, com o custo dos estádios, se esquecem do principal.
Para se ter uma ideia: o País vai gastar cerca de 8 bilhões em estádios. É, de fato, muito dinheiro. Mas o analfabetismo econômico ajuda todo mundo a se esquecer de fazer uma conta primária que, de fato, importa.
O Brasil gastou, em 2013, R$ 248 bilhões com o pagamento de juros, segundo o Banco Central. Pois bem, dividindo esse valor pelos 365 dias do ano, pagamos mais de R$ 679 milhões diariamente.
Robbers Barons
Vamos comparar com a Copa? Dá quase para construir um estádio do Mineirão por dia!
Aliás, registre-se que o Mineirão só tem R$ 11 milhões de dinheiro público envolvido em seu financiamento. O restante será pago pela iniciativa privada. Dois dias de juros da dívida pagam mais de um Maracanã.
E ainda tem gente que acha que a Copa é o absurdo dos absurdos do gasto em dinheiro público. É a prova cabal do quanto perdemos a noção das coisas.
Perdemos a noção de grandeza e a de proporção. Com isso, perdemos também o senso crítico em relação a esse buraco negro de nossas finanças públicas. Depois, perdemos o foco das prioridades.
PIADA OU BURRICE?
Finalmente, erramos o alvo das manifestações. Tem gente malhando o Judas (a Copa, a Fifa) fingindo que está enfrentando o Império Romano. Se não for piada, é burrice, hipocrisia ou desonestidade intelectual.
Quem sabe, um dia, alguém se lembre de escrever a frase em um cartaz: “Cada 1% de aumento na taxa de juros custa R$ 20 bilhões aos brasileiros”. É uma mensagem mais consistente e valiosa do que “Não é só pelos 20 centavos”.
Vinte bilhões são duas vezes e meia, por ano, o que iremos investir em estádios, que serão pagos em 15 anos em empréstimos ao BNDES – ou seja, dinheiro que voltará aos cofres públicos.

Leia a análise completa de Antonio Lassance na Carta Maior.

Leia mais em: http://www.materiaincognita.com.br/o-analfabetismo-economico-na-copa-do-mundo-do-brasil/#ixzz2xXlR2DPL

Robôs invadem Facebook com falsos likes e comentários políticos


Enviado por em 30 de março de 2014 – 17:23Um comentário

A GUERRILHA ELEITORAL NAS REDES SOCIAIS


Manipulação das eleições no Facebook
O mercado negro virtual já começou uma guerrilha subterrânea visando as campanhas eleitorais deste ano. Se nas guerras reais a verdade é sempre a primeira vítima, nesta poderá ser você.
Diariamente surgem no Facebook, Twitter e Instagram perfis falsos que são usados para atacar adversários ou fazer propaganda deslavada. Manipulação braba, coisa de mercenários.
Quem navega pelo Facebook, por exemplo, encontra centenas de páginas diferentes com o nome dos principais candidatos à presidência. São perfis positivos e negativos, alguns bastante agressivos.
TERRENO MINADO
O YouTube também é terreno minado, onde são publicados vídeos aos montes sobre presidenciáveis, sendo que em grande parte é impossível identificar o autor.
Embora a criação de perfis nas redes seja relativamente simples, dar credibilidade a eles e mantê-los no ar é um processo que exige investimento com programadores, hackers e jornalistas.
Depois que um perfil fake é criado no Twitter ou no Facebook, os caras acrescentam centenas de milhares de seguidores da noite para o dia e simulam visualizações no YouTube.
CARDÁPIO
Sites como boostlikes.com e authenticlikes.com cobram US$ 550 (R$ 1,2 mil) por um pacote de 50 mil curtidas para turbinar a página e “causar” entre os visitantes mais ingênuos.
Já o sansexpand.com cobra US$ 90 (R$ 2o3) por 100 comentários no Facebook. O usuário envia 100 pequenos textos em português e indica onde eles devem ser postados automaticamente.
Já o site soft-news.net oferece por US$ 150 (R$ 339) um software chamado blogcomentposter. Ele é usado para criar uma avalanche de comentários em portais e blogs. O objetivo é influenciar as “buscas relacionadas” do Google e ligar o nome de alguém a alguma virtude ou defeito.
EFICÁCIA
“Alguns candidatos parecem mesmo estar usando robôs e comprando ‘likes’. Essa é uma tática eficaz para ampliar rapidamente o número de seguidores e está disseminada em todas as correntes políticas”, avalia o sociólogo Sérgio Amadeu, pesquisador de redes sociais da Universidade Federal do ABC.
Ele diz que essas táticas, já utilizadas no mercado publicitário, seduzem os políticos, mas não são eficazes. “Eles apostam que os internautas se impressionam com um número grande de seguidores. Mas a longo prazo isso não funciona.”
Para se “blindar” contra ataques nas redes sociais, militantes de todos os partidos estão montando núcleos de “ativistas virtuais” para treinamento e aprendizado sobre como agir nas redes sociais.
Todas as tendências políticas se acusam mutuamente de disseminar conteúdo negativo contra os adversários na internet, mas negam que responderão da mesma forma.
REGRAS
O Twitter informou que não monitora nem edita conteúdos dos usuários, desde que respeitem os termos do serviço.
Dentre eles estão proibições de várias práticas, como a criação de contas em série, criação de contas com o objetivo de vendê-las, criação de contas para envio de conteúdo abusivo a outros usuários, envio de spams e publicação de mensagens repetidas.
O Google disse que remove de seus sites conteúdo ilegal ou que viole termos de uso da empresa. O Facebook não se manifestou.
Manipulação política no Facebook
ARMAS DA GUERRA SUJA NA REDE
Compra de likes
É possível comprar pacotes de “likes” ou “curtidas” do Facebook em sites especializados. Cada 50 mil curtidas pode sair a um custo de US$ 550.
Compra de seguidores
No microblog Twitter, os preços podem ficar mais em conta: é possível “comprar” um pacote de 500 seguidores por US$ 15.
Compra de visualizações
No YouTube, 50 mil visualizações feitas por robôs custam US$ 80 dólares.
Compra de comentários em blogs
Por US$ 150 dólares, é possível adquirir um software que automatiza o processo de produção de comentários. Isso contribui para a manipulação de sites de busca.
Camuflar IP
É possível baixar de graça um programa que camufla o IP (o registro do usuário do computador). Dessa forma, o usuário jamais será rastreado.
Perfil falso
É fácil criar um perfil falso no Facebook ou no Instagram para fazer propaganda antecipada ou atacar adversários. Em caso de condenação pelo TSE, o “dono” dá pagina jamais será localizado. E o partido pode alegar que não sabia da iniciativa.
Black Hat
Técnica utilizada para enganar mecanismos de busca. Entre elas está o Link Farm, que cria milhares de sites falsos que publicam uma notícia específica para potencializar um tema ou hashtag nas buscas no Google.

Com Jornal GGN

Leia mais em: http://www.materiaincognita.com.br/robos-invadem-facebook-com-falsos-likes-e-comentarios-politicos/#ixzz2xXjo1Mcw

LEITURA DIGESTIVA



Descrédito da política fiscal - JORGE J. OKUBARO
O Estado de S.Paulo - 31/03

Ao aprovar, com ressalvas, as contas do segundo ano do governo Dilma, o Tribunal de Contas da União (TCU) advertiu para a deterioração da política fiscal e para o risco de as demonstrações contábeis e financeiras ficarem ainda mais desacreditadas. Por causa das manobras utilizadas pelo governo para alcançar o superávit primário que tem anunciado, nem mesmo o órgão incumbido de fiscalizar a aplicação dos recursos da União consegue aferir com precisão qual é seu real valor, como admitiu o relatório do TCU.

O uso dessas manobras, advertiu em entrevista o autor do relatório, ministro José Jorge, pode desmoralizar o superávit primário - que indica a capacidade do governo de honrar a dívida pública e, por isso, é importante indicador de austeridade financeira - apresentado pelas autoridades, tornando-o algo parecido com a inflação anunciada pelo governo argentino, na qual ninguém acredita. Seria uma forma de "argentinização" das contas públicas brasileiras.

De acordo com o relatório, nos últimos anos "mudanças metodológicas e transações atípicas cada vez mais complexas" tornaram o acompanhamento e a fiscalização do superávit primário "um verdadeiro desafio" para todos, inclusive para o TCU. "Supostos ganhos" que resultarem dessa prática, advertiu ainda o relatório, "podem ser suplantados pela perda de credibilidade do indicador", pois, por mais criativas e complexas que sejam as manobras contábeis, "elas acabam sendo identificadas e quantificadas pelos demais agentes do mercado, que passam a desconfiar da real capacidade do governo de obter tal resultado".

Nos últimos três dias do ano passado, para engordar artificialmente o superávit primário do exercício fiscal, o governo Dilma sacou R$ 12 bilhões do Fundo Soberano do Brasil, criado para ser utilizado em períodos de dificuldades econômicas, e antecipou R$ 7 bilhões de dividendos que deveria receber da Caixa Econômica Federal e do BNDES ao longo de vários anos. Além disso, para fechar as contas do ano passado, o governo abateu de suas despesas, como era permitido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), R$ 39,3 bilhões em investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O TCU observou que, com o desconto dos gastos com o PAC, a meta do superávit primário foi reduzida de R$ 97 bilhões para R$ 57,7 bilhões, valor que, por meio de outros artifícios, o governo cumpriu com folga, pois contabilizou um resultado primário de R$ 85 bilhões. O relatório deixa claro que esse resultado não decorreu de uma efetiva redução de gastos, mas da postergação de pagamentos, por meio de restos a pagar, que superaram R$ 80 bilhões, e receitas extraordinárias.

Quanto aos gastos efetivos do governo, boa parte não produziu os resultados esperados pelo País. Como vem ocorrendo desde a chegada do PT ao poder, projetos deficientes, atrasos frequentes que deterioram o que já foi executado, falhas de fiscalização do andamento das obras em execução, entre outros problemas de gestão, impõem gastos adicionais e retardam a conclusão dos investimentos.

Na parte estritamente contábil, o TCU identificou o não registro, pela Secretaria do Tesouro Nacional, do passivo atuarial do regime de previdência do funcionalismo público, e que está estimado em R$ 1,25 trilhão no projeto de LDO para 2014, em exame pelo Congresso. Com a contabilização desse valor, como exige o TCU, "o patrimônio líquido da União passaria de um valor positivo de R$ 761 bilhões para um valor negativo de R$ 490 bilhões", observou o relatório das contas do governo de 2012.

O Tesouro argumenta que o cálculo do passivo atuarial exige estudos adicionais e que seu reconhecimento nas contas da União deve ter, como contrapartida, o lançamento dos ativos correspondentes à capitalização do fundo que administrará a previdência do servidor público. É preciso que os cálculos do passivo atuarial e do ativo sejam apresentados para que o contribuinte saiba com clareza o tamanho do rombo.

Brics, entre o pragmatismo e a ambição - ADRIANA ERTHAL ABDENUR
O GLOBO - 31/03

Ao buscar status e projeção, o Brasil corre o risco de aderir, de forma passiva, a posicionamentos alheios que não convêm necessariamente aos interesses nacionais

Em breve, o Itamaraty deve lançar o primeiro Livro Branco da política externa brasileira. A tarefa é tão bem-vinda quanto delicada, pois o documento requer um equilíbrio bem pensado entre princípios abstratos e metas concretas. No que diz respeito ao Brics, é particularmente importante que o agrupamento seja tratado como um meio, e não como um fim da política externa.

Não se trata apenas de uma questão de semântica. Embora todos os estados busquem aumentar a sua influência na arena internacional, existe uma rampa escorregadia entre o pragmatismo e a busca pelo poder. Como percebemos em diversas ocasiões ao longo da última década, a tentativa de exercer influência, conduzida sem metas claras, leva a um distanciamento excessivo e prejudicial dos objetivos prioritários da política externa brasileira: o desenvolvimento socioeconômico e a paz.

O Brics é uma configuração inédita, cuja flexibilidade permite que o Brasil estreite seus laços com outras potências emergentes em um espírito de contestação às normas e estruturas da governança global. Tudo isso é saudável — na medida em que o Brics confere novo peso às reivindicações históricas que o Brasil mantém no plano internacional.

No entanto, essa aproximação deixa de ser benéfica quando se transforma em projeto de poder caro e arriscado, de retorno incerto para a população brasileira. Ao buscar status e projeção, o Brasil corre o risco de aderir, de forma passiva, a posicionamentos alheios que não convêm necessariamente aos interesses brasileiros, passando a ver o agrupamento, de forma errônea, como uma alternativa que se contrapõe ao paradigma ocidental. Ao fazê-lo, a política externa brasileira põe em xeque as conquistas de autonomia acumuladas ao longo das últimas décadas, pois substitui um polo de atração por outro (o eixo Rússia-China). Optar por um projeto de poder difuso também significa abrir mão da identidade de país democrático que zela pelos direitos humanos — aspecto que fica decididamente em segundo plano quando o Brasil age ou se posiciona via Brics.

O diferencial do Brasil é justamente poder agir como ponte entre diversos mundos, mobilizando apoio e recursos. Se uma ponta da estrutura desaba, perdemos acesso a todo um universo de ideias e oportunidades. Isso vale tanto para o Norte quanto para o Sul. O antagonismo em relação a qualquer grupo de estados leva a uma contradição em termos: uma espécie de “universalismo seletivo” que simplesmente inverte os exageros de outras épocas, em vez de corrigi-los.

Por outro lado, vislumbrar o Brics como mecanismo permite a retomada dos objetivos fundamentais da política externa: o desenvolvimento socioeconômico e a garantia da paz e da estabilidade. O Brics nada mais é que uma plataforma de conveniência, cuja utilidade e relevância variam de acordo com o tema e a conjuntura. Em certos casos, iniciativas e discussões podem, sim, contribuir para os objetivos prioritários. Em outros momentos, é necessário reconhecer que o alinhamento com os demais integrantes do Brics pode não interessar ou, até mesmo, distrair a política externa brasileira das suas metas reais.

O Livro Branco representa um marco importante no diálogo que o Itamaraty constrói com o resto da sociedade brasileira. Após a sua publicação, a atuação do Brasil no exterior será avaliada em relação aos princípios e objetivos nele codificados. A iniciativa oferece uma oportunidade para que o pragmatismo e universalismo da política externa sejam resgatados, a serviço do desenvolvimento e da paz, e de forma a beneficiar a população brasileira.

Brasil impõe perda de competitividade - SÉRGIO LEO
VALOR ECONÔMICO - 31/03

Empresas brasileiras sofrem com carga das jabuticabas tributárias


Cuba anunciou que abrirá seu mercado aos investidores internacionais, com incentivos fiscais para instalação de indústrias no país, mas o Brasil, que financia a construção bilionária de um porto na ilha, está em desvantagem. Suas empresas terão dificuldades para aproveitar as oportunidades da bem localizada ilha caribenha.

A posição desvantajosa foi criada pelo próprio governo brasileiro, com a Medida Provisória 627, a ser votada amanhã no plenário da Câmara. A medida, criada para reduzir as brechas para evasão de tributos, montou, na prática, um mecanismo que impede empresas brasileiras de competir usando vantagens como as criadas pelo governo cubano, entre outros.

A Receita Federal, madrinha da MP 627, buscou cumprir seu papel de arrecadadora. Empresas brasileiras, especialmente exportadoras de commodities, aproveitaram lacunas legais existentes para vender seus produtos a preços artificialmente baixos a subsidiárias montadas em países com os quais o Brasil tinha acordos contra bitributação. A partir desses países, as empresas vendiam seus produtos ao consumidor final, concentrando o lucro na subsidiária e driblando o Fisco.

A Receita já havia tomado providências legítimas para fechar essa brecha, com regras que permitem tributar exportação de commodities com base nas cotações internacionais. O problema, para as multinacionais brasileiras, é que o Fisco decidiu ir além, e, com a MP 627, pesou a mão sobre empresas que nada tinham a ver com as peraltices tributárias de algumas exportadoras.

Na prática, a MP 627 determina que, após pagar lá fora o imposto sobre o lucro das coligadas no exterior, as multinacionais brasileiras pagarão, adicionalmente, no Brasil, a diferença entre esse tributo e a alíquota de 34% cobrada em território brasileiro. Se o imposto das operações europeias for de 20%, por exemplo, a multi brasileira pagará 14% ao Fisco nacional.

No caso cubano, como em qualquer outro país de destino do investimento brasileiro, a empresa com sede no Brasil pagará, sempre, mais que sua concorrente de outra nacionalidade. Estranha maneira de cumprir a promessa oficial de estimular a internacionalização das empresas brasileiras.

Os acordos contra bitributação assinados pelo Brasil, em geral, garantem que só se pode cobrar imposto no país onde o lucro gerado. Para contornar esse compromisso e também não explicitar uma tributação sobre o patrimônio das empresas, não prevista em lei, a Receita, na MP, recorreu à criatividade linguística: prevê tributar a parcela do ajuste do valor do investimento equivalente aos lucros .

A MP engrossou o cipoal de regulamentos que amarra as companhias brasileiras e reduz sua capacidade de competir no mercado externo. Após a edição da MP, a interpretação de seus contorcionismos verbais exigiu horas extras nos departamentos jurídicos das empresas - já obrigadas pela complexidade tributária nacional a manter um número desproporcionalmente alto de funcionários para cuidar das relações com os cobradores de impostos no Brasil.

Algumas mudanças no texto foram feitas, nos últimos meses, para eliminar efeitos indesejáveis não previstos pelos próprios técnicos da Receita. Após conversa dos executivos com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e negociações com o relator da MP, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram amenizados alguns dos artigos da medida. A principal mudança foi um desconto de nove pontos percentuais, que reduziu a mordida da Receita: a não ser que estejam em paraísos fiscais, ou em países de tributação muito baixa (subtributação, no jargão do Fisco), as empresas poderão somar ao imposto local mais nove pontos percentuais e pagar apenas a diferença entre essa soma e os 34% do tributo no Brasil.

As alterações na MP reduziram a perda de competitividade para algumas das multinacionais brasileiras, especialmente nas subsidiárias localizadas na Europa e nos Estados Unidos. Já aquelas que se expandiram, ou pretendem expandir-se para o Oriente Médio, a América Latina e a África, aproveitando incentivos locais, continuam sujeitas integralmente à nova taxação. Em boa parte dessas regiões ocorre o que o Fisco considera subtributação .

É grande a quantidade de jabuticabas tributárias, medidas inéditas no mundo, que impõem uma carga sobre as empresas brasileiras superior à sofrida pelos concorrentes internacionais. Países europeus não tributam o lucro de controladas no exterior; os EUA, somente o retorno desse lucro sob a forma de dividendos. Enquanto outros países permitem, sem tributar, que suas empresas reinvistam no exterior os lucros obtidos fora de sua origem, o Fisco brasileiro reduz os recursos disponíveis pelas empresas brasileiras, ao capturar parte dos lucros.

A lista de companhias atingidas é variada, de grandes empreiteiras à Ambev, da Braskem aos fabricantes de carne apoiados pelo BNDES em seu esforço exportador. Estão dificultando até a consolidação de nossa operações no exterior, com esse modelo de tributação , queixa-se o diretor-executivo da BRF Marcos Jank.

Estamos impossibilitados de expandir nossas operações em locais como o Oriente Médio , avisa ele. A BRF pagará 34% de impostos em países onde concorrentes europeus pagarão 10%, com isenção de 95% dos dividendos pagos à matriz. Não temos como competir, teremos de repensar nossos planos de expansão , comenta, vocalizando queixas similares de outros executivos de empresas brasileiras.

A MP 627 é um sintoma da falta de articulação entre as políticas macroeconômica, industrial e comercial brasileiras. Não à toa, nos diálogos promovidos pelo Itamaraty, a pedido da presidente Dilma Rousseff, para formular seu livro branco da política externa, uma das sugestões mais lembradas foi a criação de mecanismos, no governo, para coordenar a esquizofrênica atuação do Brasil na projeção de seus interesses no campo internacional.

As novas lições de Cristina Kirchner - RODRIGO BOTERO MONTOYA
O GLOBO - 31/03

Governo não parece disposto a reduzir desequilíbrios nas tarifas de serviços públicos e no preço dos combustíveis

Há alguns anos, quando os países europeus sofriam as consequências da crise financeira, Cristina Kirchner costumava dar lições em fóruns internacionais e apresentar a condução da economia argentina como um modelo a imitar. Era parte do peculiar estilo diplomático kirchnerista que um editorial de “La Nación”, de Buenos Aires, descreve assim: “Agressivo, arrogante, sempre disposto a criar conflitos, com a indignação e a petulância como componentes centrais permanentes...”

As circunstâncias criaram a necessidade de modificar esse discurso. Em parte porque, apesar das dificuldades, os países europeus começam a sair da crise. Mas, além disso, porque o suposto modelo econômico do regime mostrou-se uma ficção que está desmoronando. Não obstante termos de intercâmbio favoráveis à Argentina, e taxas de juros internacionais baixas, o governo enfrenta condições de estancamento econômico, com um ritmo de inflação superior a 30% ao ano. O nível de reservas internacionais vem caindo. A forma discricionária como se administra o controle de importações cria atritos com os sócios comerciais, incluindo os integrantes do Mercosul.

As autoridades econômicas se esforçam para recompor as relações com a comunidade financeira internacional, tendo em vista a frágil situação econômica. É preciso obter uma elevada soma de recursos externos para evitar um colapso. Isso implicou moderar o estilo prepotente com o qual se tratavam os credores e os investidores estrangeiros. Depois da expropriação, em 2012, do investimento da Repsol na empresa petrolífera YPF, anunciando que não se iria pagar, o governo decidiu negociar uma indenização. A expropriação havia deteriorado, sem necessidade, as relações diplomáticas com a Espanha.

O país aceitou iniciar negociações com os membros do Clube de Paris, para começar a pagar as dívidas pendentes com os governos dos países industrializados. Um obstáculo previsível para a renegociação da dívida em moratória com os países-membros do Clube de Paris é o requisito de que um eventual acordo deverá estar sujeito ao monitoramento do Fundo Monetário Internacional, algo a que a Argentina resiste. Aceitar este requisito, por sua vez, iria requerer normalizar as relações com o FMI, ao qual não se permitiu fazer a revisão periódica da economia argentina nos últimos sete anos.

O governo não parece disposto a implementar um programa coerente para reduzir os desequilíbrios que se acumularam nas tarifas dos serviços públicos, no preço dos combustíveis e nas contas fiscais. Continua utilizando o recurso de emissão monetária para financiar o gasto público. É difícil combater a inflação ao mesmo tempo que se nega sua existência. O uso sistemático da mentira destruiu a credibilidade governamental.

Na etapa final de seu mandato, e sem a possibilidade de se perpetuar no poder, Cristina Kirchner está tendo que reconhecer que os fatos são teimosos e aprender que, como afirmava Keynes, com a economia se pode fazer qualquer coisa, menos evitar as consequências.

Dilma – Marketing x realidade - CARLOS ALBERTO DI FRANCO
O ESTADÃO - 31/03

A imagem da presidente Dilma Rousseff construída pelo publicitário João Santana tem dois pilares de sustentação: ética e competência gerencial. Santana, apoiado em sua fina sensibilidade marqueteira, captou as demandas da sociedade. Ninguém aguentava mais a roubalheira que terminou na grande síntese da picaretagem: o mensalão. Mas os brasileiros também queriam um país melhor administrado, alguém que fosse capaz de dar respostas às demandas por educação, saúde, logística etc. Vendeu-se, então, a imagem da gerentona. Dilma, ao contrário de Lula, seria uma administradora focada, competente, exigente com os resultados da gestão pública.

O marketing, apoiado em fabulosos gastos de propaganda, continua firme. Mas a imagem real de Dilma Rousseff começa a ruir como um castelo de cartas. O perfil ético da administradora que combate “os malfeitos” já não se sustenta. O vale-tudo, o pragmatismo para construir a reeleição, a irresponsabilidade na gestão da economia, sempre subordinada aos interesses da campanha (basta pensar no uso político da Petrobras e na postergação do aumento da conta de energia para 2015), pulverizou os apelos do marketing. Eu mesmo, amigo leitor, não obstante minhas divergências ideológicas com a presidente da República, tinha alguma expectativa com o seu governo. Hoje minha esperança é zero.

Mas o pior estava por vir. A suposta competência de Dilma Rousseff foi engolida pelo lamentável episódio da compra da refinaria em Pasadena. A imagem da administradora detalhista e centralizadora simplesmente acabou. Dilma, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras, autorizou a empresa a comprar 50% da refinaria por valor 8,5 vezes maior que o pago pela Astra, um ano antes, pela refinaria inteira. Confrontada por documentos inéditos atestando o voto favorável, ela admitiu, em nota da Presidência da República, que se baseara em um mero resumo executivo, “técnica e juridicamente falho”, dos termos da transação. Executivos da Petrobras disseram que Dilma e todo o Conselho de Administração tinham à disposição, em 2006, o processo completo. Resumo da ópera: aprovou sem ler uma transação que dilapidou o dinheiro público. Administração temerária é o mínimo que se pode deduzir. Estarrecedor.

O ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel considera “extremamente grave”o caso em que a Petrobras teve prejuízo bilionário. Se houver indícios de responsabilidade da presidente Dilma no caso, ela deverá ser ouvida em Brasília pelo Ministério Público. “A partir do momento em que surjam indícios do envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro, a investigação tem de ser deslocada para o procurador-geral da República”, afirmou Gurgel em entrevista ao UOL.

A imprensa não pode admitir, mais uma vez, que a técnica da submersão acabe por tirar o foco de um escândalo de grandes proporções. É preciso empunhar o bisturi e lancetar o tumor da irresponsabilidade com o dinheiro público. Chega! Boa parte do noticiário de política, mesmo em ano eleitoral, não tem informação. Está dominado pelo declaratório e ofuscado pelos lances do marketing político. Dilma Rousseff continua sendo apenas uma embalagem. Mas seu verdadeiro conteúdo começa a aparecer.

A programação eleitoral é, quando muito, uma aproximação da verdadeira face dos candidatos. Tem muito espetáculo e pouca informação. Só o jornalismo independente pode mostrar o verdadeiro rosto dos candidatos. Sem maquiagem e sem efeitos especiais. Temos o dever de fazê-lo.

Adeus, República do Powerpoint - VINICIUS MOTA
FOLHA DE SP - 31/03

SÃO PAULO - O episódio da compra suspeita e perdulária de uma refinaria nos EUA pela Petrobras desmoralizou o que restava da República do Powerpoint. Foi para o vinagre a imagem de gerentonas insaciáveis de Dilma Rousseff e Graça Foster, a chefe da estatal.

Com ar de quem fica estupefato diante da malandragem revelada, Foster contou a "O Globo" que acabara de descobrir um tal comitê de proprietários, que dava as cartas na refinaria de Pasadena. Esta Folha constatou facilmente que o comitê desfilava cristalino na abertura do contrato de acionistas para a compra da fábrica. Era claro e piscante desde 1º de setembro de 2006.

Graça, obcecada pelas matrizes de múltiplas entradas, pela microgerência e pelo controle corporativo, ainda não sabia? Não sabia dos principais contornos de um negócio suspeito, mesmo tendo assumido a presidência da empresa em fevereiro de 2012? Não sabia, tendo frequentado a diretoria desde setembro de 2007?

Mas a reputação de Graça Foster era só um derivativo, mísera fração centesimal da cultivada por bajuladores sobre sua chefe, a presidente Dilma. Esta sim, a fanática da planilha, a militante da minúcia, a profetisa do debate técnico extenuante, até a sexta casa após a vírgula.

Por que esta Dilma, como chefe do conselho da Petrobras, não pediu o powerpoint detalhado da transação de Pasadena quando o colegiado deu aval à operação? Para mortais comuns do conselho, essa discussão poderia soar pequena demais para avaliar a estratégia de uma empresa multibilionária. Não para a Dilma decantada pelas musas da planilha.

E o que dizer da imagem da faxineira do início do governo? Dilma manteve durante 3/4 de seu mandato um diretor na Petrobras que ela julga responsável por um relatório omisso sobre a refinaria. Num lance patético, alguém se lembrou de demiti-lo retroativamente, por algo que era notório havia mais de sete anos.

A primeira sondagem - PAULO GUEDES
O GLOBO - 31/03
Simonsen pedira demissão em 1979 convencido da impropriedade de uma política econômica expansionista durante a crise do petróleo
Aconteceu no último governo do regime militar, de João Figueiredo. A escalada inflacionária prosseguia em direção aos três dígitos anuais. A culpa seria atribuída ao segundo choque do petróleo, mas na verdade estávamos vulneráveis nos fronts externo e interno. O ritmo acelerado de endividamento externo no governo Geisel deixara mais frágeis as contas externas.
Enquanto isso, prosseguia a excessiva expansão do crédito interno. O ministro da Agricultura, Delfim Netto, parecia ter pretensões políticas. "Plante que o João Garante": essa era a senha para a conta sem limites aberta para o crédito agrícola no orçamento monetário.

O ministro do Planejamento, Mário Henrique Simonsen, pedira demissão em 1979 convencido da impropriedade de uma política expansionista durante a crise do petróleo. As pressões de custos se propagaram em uma economia indexada, repassadas automaticamente aos preços em meio ao descontrole monetário.

Simonsen se convencera da insanidade desse esforço "desenvolvimentista", dessa tentativa de reedição do "milagre econômico", que atribuía ao plantio de Roberto Campos e Octávio Bulhões, e não à colheita de Delfim.

"Nunca pensei que Delfim acreditasse nessa história de derrubar a inflação através do preço da comida, em meio ao descontrole monetário", dizia Simonsen. E divertia-se contando a piada do grupo de ópera ambulante que se exibia em pequenas cidades italianas. "A cada apresentação, o tenor encerrava o ato vaiado estrepitosamente.

Mas retirava-se às gargalhadas, para ainda maior irritação da plateia. Perguntado a respeito, fulminava em novo ataque de risos: "Se não gostaram do tenor, esperem o barítono"." Parecia-me obviamente inadequada a política macroeconômica: correções monetária e cambial prefixadas, e irrealistas ante políticas monetária e fiscal frouxas.

Eu criticava ferozmente o governo em jornais e televisões. Fui chamado a Brasília para uma conversa com Delfim. Ao final, pediu-me que fosse falar com o presidente do Banco Central, que me disse então: "Simonsen simulou uma gripe e indicou você para a palestra que daria. Suas críticas foram gravadas e entregues ao Delfim. Há uma diretoria vaga no Banco Central. Delfim te chamou pensando em você para essa vaga." Para minha surpresa, completou: "Quer que você afunde conosco." A primeira vez, a gente nunca esquece.

PeTerização da Petrobras - PAULO BROSSARD
ZERO HORA - 31/03

Não é necessário ser douto para compreender a enormidade do que foi sendo feito com a Petrobras

Em 2005 a empresa belga Astra Oil adquiriu a refinaria de Pasadena, no Texas, por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte _ 2006 _, o Conselho de Administração da Petrobras, então presidido pela atual presidente da República, Dilma Rousseff, autorizou a aquisição de 50% das ações da refinaria por US$ 360 milhões. Adquirindo a metade das ações, granjeou também um sócio, que conservava a outra metade e com o qual, parece, não teria especiais relações. Em 2007 a Petrobras recebeu de sua consocia oferta dos restantes 50%, sem obter a anuência do Conselho da empresa, o que levou a belga a exigir da Petrobras, nos termos contratuais, a compra das ações restantes.
A Petrobras se envolveu em vários litígios sem êxito, e em 2010 a Justiça Federal do Texas lhe determinou pagasse os restantes 50% por US$ 639 milhões.
Repetindo, em 2012 pagou a empresa Astra pelos 50% das ações a importância US$ 820,5 milhões, somados honorários e despesas. Quer dizer, a refinaria que em 2005 fora adquirida pela empresa belga por U$S 42 milhões, já custava à Petrobras US$ 820,5 milhões. Ao cabo, desembolsara mais de US$ 1 bilhão, cerca de US$ 1,2 bilhão.
Esse o resumo do resumo de uma refinaria por fim reconhecida como obsoleta, que nunca chegara a funcionar, a estória de uma entidade que haveria de transformar-se em monumental e malcheiroso elefante branco.
Isto posto, dizendo o que é notório, estava armado com pompa e circunstância o maior dos escândalos administrativos e políticos da empresa que chegou a ser em ordem de grandeza a 12ª em termos mundiais, caindo para o 120º lugar em cinco anos, segundo o jornal Financial Times. Esse dado completa de uma forma visível o perfil daquilo que se poderia chamar de forma melíflua uma insensatez; em verdade, a meu juízo, talvez não fosse o maior escândalo, mas adquiriu tais dimensões que, certo ou erradamente, veio a ser proclamado como o maior. Nem foi apenas uma sandice.
Esses números, desidratados, mas objetivos, são de tal significação que não é necessário ser douto para compreender a enormidade do que foi sendo feito com a Petrobras.
Se eu tivesse de definir o quadro instaurado poderia dizer que o chão está resvaladio, mas prefiro dizer movediço. Basta registrar que a senhora presidente da República, que é candidata à reeleição, em dias, caiu sete pontos em sua popularidade. Fato a assinalar, se não estou em erro, resulta na progressiva inserção do partido na administração, não apenas em sua vida administrativa, mas em suas entranhas, com a tendência de chegar à intimidade da mancebia; o fenômeno não é bom, nem para a administração nem para o partido, cuja evolução natural no plano dos partidos, sempre foi em outro sentido. A verdade é que, hoje, a questão da refinaria se confunde com a Petrobras, e esta se identifica com aquela. Aliás, esse dado não é de ser estranhado, uma vez que a refinaria desde seu nascimento está ligada à pessoa, nem mais nem menos, que exerce a presidência da República, sem ela a refinaria não teria nascido, sem ela não teria continuado a viver, ainda que viver morrendo e, sem ela, talvez a Petrobras poderia continuar a ser a 12ª empresa no âmbito mundial.
No período eleitoral a então candidata ameaçava que seu adversário iria privatizar a Petrobras. Seus companheiros de partido, alguns dos quais hoje estão na penitenciária, criaram o pejorativo de privatização na palavra privataria.
Pois bem, o que o partido da presidente está fazendo na Petrobras enseja a criação de outro neologismo: a PeTerização da empresa, que já foi orgulho nacional.

ONGs “governamentais” - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
 GAZETA DO POVO - PR - 31/03

A excessiva dependência que muitas ONGs têm de recursos do poder público ajuda a entender o uso de entidades de fachada para desvio de verbas e outras irregularidades


A condescendente Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável por prestar assessoria imediata à Presidência da República em assuntos relativos ao patrimônio público e ao cumprimento dos preceitos éticos no âmbito da administração federal, descobriu que há 28 contratos firmados entre o Ministério do Trabalho e ONGs com “indícios graves” de irregularidades. Quem revelou o dado foi o próprio chefe da CGU, ministro Jorge Hage, em audiência na Câmara Federal na última quarta-feira.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, também presente à audiência, defendeu-se alegando faltar à sua pasta estrutura para fiscalizar o cumprimento das finalidades e as prestações de contas dos convênios que mantém com centenas de organizações não governamentais. E chorou quando confrontado com denúncias de que também ele teria se servido de uma ONG de seu estado (Santa Catarina) para dar emprego a apaniguados.

Não é de hoje que o Ministério do Trabalho tem sido foco de denúncias do tipo. Feudo do PDT e do presidente da legenda, Carlos Lupi, a pasta é tão frequentemente citada por envolvimento em escândalos do gênero que as revelações da CGU já não mais surpreendem, principalmente quando se recorda ter sido o próprio Lupi defenestrado do cargo em 2011 –medida inócua, já que Lupi foi substituído pelo correligionário pedetista indicado por ele. O que surpreende, mesmo, é que, ainda que tão antigas e tão conhecidas sejam as maracutaias que se articulam nos gabinetes do Ministério do Trabalho, elas parecem ser inesgotáveis. Repetem-se indefinidamente até o próximo escândalo, sem que para os primeiros se tenham tomado as necessárias medidas corretivas.

Mas ainda mais surpreendente é a generalizada incompreensão do que deva ser uma organização não governamental. ONGs são entidades sumamente importantes, e muitos brasileiros saberão citar imediatamente ONGs famosas e admiradas, seja no campo da saúde, da educação, da preservação ambiental, da luta por direitos de minorias e tantas outras áreas. De Alexis de Tocqueville a Robert Putnam, diversos estudiosos escreveram sobre a importância de associações que congregam cidadãos com um objetivo em comum; as sociedades mais saudáveis são aquelas em que existe uma sólida cultura de participação comunitária. Quando ONGs e outras entidades agem, elas não “cumprem um papel que deveria ser do Estado”; em vez disso, colocam em prática o saudável princípio segundo o qual as instâncias superiores da sociedade só deveriam atuar quando as instâncias superiores não tivessem a capacidade de agir em determinada situação.

Mas a denominação é autoexplicativa: “não governamental”. ONGs precisam ser independentes do Estado, mas no Brasil se criou uma situação em que há organizações “não governamentais” que só devem sua existência à ajuda do governo, em vez de mobilizar a própria sociedade para lhe prover os recursos necessários. O contrário disso – isto é, a dependência da boa vontade dos governos em lhes bancar – é que gera as distorções que desembocam na corrupção e na instrumentalização política de grande número de ONGs. Trata-se de um mal que precisa ser superado, visando, sobretudo, a proteger com o manto da respeitabilidade muitas organizações que, de fato, prestam serviços inestimáveis à população. Caso contrário, correm o risco de cair na vala comum das milhares de ONGs que se prestam apenas a servir a interesses escusos, como os desvendados na investigação sobre o Ministério do Trabalho.

Isolado e limitado - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 31/03
Por qualquer critério que se olhe, o Brasil apresenta ao menos uma grande anomalia quando comparado a outros países de peso: o fechamento ao comércio exterior e a falta de integração às maiores cadeias de produção globais.
Agravado nas últimas duas décadas, esse processo de isolamento representa cada vez mais um fator limitante para a produtividade e o crescimento econômico.

Não por acaso, todos os países que se aproximaram da fronteira tecnológica e elevaram depressa seu nível de renda per capita, notadamente na Ásia, valeram-se da alavanca da integração comercial --dinâmica que tem se acelerado.

O Brasil, entretanto, segue o caminho oposto. Pressionado pelo câmbio valorizado e pelo aumento das importações, o governo aumentou tarifas, definiu regras de conteúdo nacional e isolou ainda mais as empresas da concorrência internacional, na esperança de que defenderia o mercado interno.

Pura ilusão. O deficit comercial no segmento de média e alta tecnologia, por exemplo, beira os US$ 100 bilhões e a produtividade patina.

Felizmente, muitas lideranças empresariais brasileiras percebem que o rumo está errado. Nesse contexto, é auspiciosa a divulgação, pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), de cálculos mostrando os ganhos que o país teria se fechasse acordos comerciais abrangentes, especialmente com Europa e EUA.

O estudo indica que a redução de 100% das tarifas da indústria, 70% das agrícolas e 25% das outras barreiras não tarifárias resultaria em US$ 86 bilhões a mais em exportações e importações, montante 18% superior ao atual.

Embora os valores sejam estimados e exista um impacto negativo mínimo no saldo comercial (deficit de US$ 600 milhões), a lógica principal permanece: é preciso se integrar para competir.

Há questões geopolíticas envolvidas. A definição de padrões tecnológicos confere vantagens aos que estiverem inseridos às cadeias de produção. Quem estiver fora, possivelmente assim permanecerá.

O Brasil precisa sair do imobilismo. Deve romper com as amarras do Mercosul, mas sem abandonar a construção de um centro competitivo na América Latina.

A negociação com a Europa é a mais avançada e, segundo o trabalho do Iedi, a que oferece mais ganhos. Que prossiga com rapidez, com as salvaguardas devidas para que as empresas possam se ajustar a uma nova e necessária realidade.

Para nunca mais se repetir - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 31/03

A democracia representativa enfrenta com êxito a pesada herança da ditadura, e está provado que não há outro regime melhor


Não há, na história de quase 125 anos da República, fato político de maior sobrevida que o golpe de 64. Em 1980 não se discutiram os 50 anos da Revolução de 30; nem 1987, meio século da instituição do Estado Novo, inspirou a edição de livros, a organização de debates e amplas edições especiais em revistas e jornais para analisar o apagão institucional patrocinado em 37 por Getúlio Vargas e militares.

A seguir o clichê, poder-se-ia admitir que 1964 seria “um ano que ainda não acabou”. Não chega a tanto. O ciclo de 64, radicalizado pelo AI-5 em dezembro de 68, quase um golpe dentro do golpe, foi encerrado 21 anos depois com a bem-sucedida transição, sem violência, de volta à democracia, assentada em bases institucionais três anos depois, em 1988, na promulgação de uma Constituição que trouxe de volta direitos civis e liberdades. Confirmou-se, assim, a abertura de novo ciclo, hoje já de 26 anos ininterruptos de vigência do estado democrático de direito, o mais longo período da República brasileira sem recaídas autoritárias.

Trata-se de uma conquista a ser sempre defendida, porque, entre outros motivos, foi obtida num país com longeva tradição de Estado forte, de excessiva presença do poder público na vida da sociedade. Infelizmente, visões autoritárias da realidade brasileira continuam presentes na vida do país.

É provável que esta fixação em 64 seja sinal de que é necessário continuar a fortalecer a ideia da democracia representativa como valor absoluto, sem relativismos, e exorcizar de vez tentações autoritárias à direita e à esquerda.

Reflexões sobre este processo levaram as Organizações Globo, por meio do GLOBO, a reconhecer, no ano passado, que fora um erro editorial apoiar o golpe (http://memoria.oglobo.globo.com/jornalismo/opiniao/o-globo-faz-autocriacutetica-em-relaccedilatildeo-ao-apoio-ao-golpe-de-64-12018073). Concluiu-se que, com base na perspectiva histórica dada pela passagem do tempo, está claro que, com todas as imperfeições do regime, nenhum modelo é melhor, em todos os sentidos, que o democrático, com Poderes independentes e rodízio, por eleição popular, no comando do Executivo e na aferição periódica do apoio do eleitorado aos ocupantes das Casas legislativas. Duas décadas de regime militar e um pouco mais que isso de democracia permitem comparações bastante objetivas entre a ditadura e o período em curso. Cabe lembrar que o golpe de 64, como relatam historiadores e cientistas políticos, tem suas raízes lançadas na década de 20, pelo movimento de tenentes reformistas, cansados daquela primeira fase da República, tripulada por ex-monarquistas aristocratas. Intervencionistas, os tenentes tinham pressa e queriam usar o poder do Estado (Exército) para modernizar o país, como acontecera no próprio fim da monarquia.

Foram força importante na Revolução de 30, estiveram depois em quarteladas diversas e nunca demonstraram grande apreço pelo poder civil. No golpe de 64, alguns que atuaram no tenentismo da década de 20 estavam reunidos: Ernesto Geisel, Castello Branco, Cordeiro de Farias, Juarez Távora e Juracy Magalhães, por exemplo.

Para turbinar todo aquele processo da década de 60, João Goulart, herdeiro da Presidência depois da renúncia inesperada de Jânio, optou pela radicalização do cunhado Leonel Brizola e desenhou no cenário político de 1963 um golpe de esquerda. Dessa forma estimulou sua derrubada.

O que seria uma intervenção cirúrgica, garantidas as eleições presidenciais em 65, prolongou-se por duas décadas. Tempo suficiente para os tenentes dos anos 1920 colocarem em prática, enfim, seu projeto de salvação nacional. E falharam.

Se modernizaram a infraestrutura, fecharam o país ao processo de interdependência econômica e chegaram a impedir que o Brasil se beneficiasse por inteiro da fase inicial da revolução da microeletrônica e dos computadores pessoais. Avançaram em instituições econômicas, mas sucumbiram ao erro de cevar um Estado intervencionista. Caíram na ilusão de conviver com uma inflação elevada, apenas na aparência domada pelo mecanismo pernicioso da correção monetária, e lançaram as sementes da hiperinflação da década de 80. Cujo terreno foi aplainado de vez pela quebra externa do país, em virtude da outra ilusão da ditadura, a de viver de poupança externa.

O traço de tragédia no regime militar foi dado pela violência dos agentes públicos. O fato de que parte da esquerda pegou em armas não justificava que as Forças Armadas atuassem por meio de braços semiclandestinos, e tudo com o conhecimento dos mais altos escalões, inclusive em Brasília. Itália e Alemanha, no pós-guerra, enfrentaram e venceram grupos radicais armados, sem arranhar a democracia. No Brasil, ao lado da violência física houve o uso da censura, característica deste tipo de regime, vê-se hoje na Venezuela, no Equador etc.

Recentes reportagens do GLOBO, em que se elucida o destino do deputado Rubens Paiva, desde que foi preso em sua casa no Leblon, até o martírio nos porões do DOI-Codi e o desaparecimento do corpo, jogado ao mar, denunciam o ponto a que chegaram instituições seculares e honradas, como o Exército, influenciadas por um projeto ideológico delirante de criação de um “Brasil grande” a qualquer custo. Mesmo do terrorismo de Estado.

A democracia restaurada recebeu pesada herança de graves problemas, e os equacionou. A Lei de Anistia, ampla e recíproca, base da transição pacífica, costuma ser criticada por vítimas daquele terror — é compreensível —, mas existe uma Comissão da Verdade atuante. Não se deve mesmo esquecer o que aconteceu, até em respeito às famílias atingidas pela violência oficial. A comissão e a atuação livre da imprensa iluminam os subterrâneos daqueles tempos sombrios.

Se nada está definitivamente resolvido, o obstáculo da inflação, que parecia insuperável, foi ultrapassado com grande inventividade por economistas e políticos tucanos a partir do governo de Itamar Franco. Os desníveis sociais, por sua vez, terminaram atenuados com o aprofundamento das políticas de transferência direta de renda por meio de Lula e seu PT.

Só essas duas vitórias bastariam para tirar qualquer dúvida sobre qual o melhor dos regimes — embora tanto o fim da superinflação quanto os avanços sociais não sejam conquistas definitivas. Bastam erros persistentes de política econômica para se colocar tudo a perder. Mas é indiscutível, e está comprovado, que é preferível enfrentar na liberdade as sérias dificuldades que aí estão.

Os últimos 12 destes 50 anos têm sido especialmente ricos. O principal partido da esquerda brasileira, o PT, tem a experiência de exercício do poder no Planalto e, há tempos, lideranças suas reconheceram haver diferenças entre o discurso de oposição e o de situação. O PT amadurece e em algum momento terá de demonstrar que aprende com os erros.

A ressaltar, o elevado estágio de consolidação das instituições democráticas e republicanas, de que o julgamento do mensalão é exemplo.

Há, hoje, no Judiciário zelosos protetores da Constituição, em cujas cláusulas pétreas estão garantidas as bases da democracia representativa.

Qualquer reflexão nestes 50 anos do golpe reforça o papel do estado democrático de direito nos avanços do país a partir do fim da ditadura. E aumenta a responsabilidade de todos na defesa do regime, numa fase especialmente turva em algumas regiões latino-americanas, com a perigosa benevolência por parte de inquilinos do poder em Brasília.

Foi a busca por um sistema mais “eficiente” de governo que resultou em 64 e 68. Não se pode admitir que este erro seja mais uma vez cometido.

Meio século depois - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo -31/03

Ao completarem-se 50 anos do movimento civil-militar de 31 de março de 1964, é possível ter uma visão mais serena e objetiva, tanto das condições que levaram a ele como dos primórdios do regime então implantado e o seu desvio do curso original imaginado, em especial, pelas lideranças civis. Facilitado pela perspectiva de meio século, esse esforço de compreensão dos fatos, assim como de seu dramático contexto histórico, é importante, sobretudo, para as novas gerações.

O governo do presidente João Goulart teve sua origem numa crise - a da renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961 - e em crise viveu até ser deposto. Goulart nunca se conformou com a solução de compromisso que, vencendo a resistência dos ministros militares, possibilitou sua posse - a instauração do parlamentarismo, no qual dividia seus poderes com o primeiro-ministro.

Ao mesmo tempo que se esforçava para conseguir a volta do presidencialismo, o que aconteceu com o plebiscito de janeiro de 1963, Goulart mobilizou sindicatos e lideranças radicais para impor as chamadas reformas de base "na lei ou na marra". Reformas de cunho socialista, embora ele não tivesse mandato popular para isso, pois foi eleito vice - e não em sua chapa, como então permitia a lei eleitoral - de um presidente nitidamente conservador. Nem para sua tentativa de dar papel preponderante aos sindicatos na condução do País, no que foi chamado de república sindicalista.

Assistiu-se então a uma mistura explosiva de avanço desses grupos para o controle do Estado e de desordem na economia e na administração. O líder comunista Luís Carlos Prestes chegou a dizer que os comunistas já estavam no governo, embora ainda não no poder. Leonel Brizola criou as unidades paramilitares "Grupos dos 11". A economia degringolava, com inflação alta e baixo crescimento.

O quadro se completa com a revolta dos sargentos, em setembro de 1963, e com a dos marinheiros, em 25 de março de 1964, que, atingindo em cheio a disciplina, espinha dorsal das Forças Armadas, colocou os militares em choque direto com o governo e precipitou sua intervenção. A reação de lideranças civis e da maioria da população ficou evidente na grande "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que reuniu 500 mil pessoas em São Paulo, em 19 de março. Em 13 de março, no famoso Comício da Central, no Rio, em defesa das reformas de base, Goulart reunira bem menos apoiadores - 150 mil. Marchas semelhantes foram feitas em outras capitais. E sua deposição foi comemorada por 1 milhão de pessoas no Rio, no dia 2 de abril.

É importante assinalar que tudo isso se passou em meio à guerra fria. Para os Estados Unidos e seus aliados, era intolerável a possibilidade de o Brasil aderir ao campo comunista. Recorde-se que em outubro de 1962, por causa da recusa dos Estados Unidos de aceitar a presença em Cuba de mísseis ali colocados pela União Soviética, o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear. Este era um dado incontornável da realidade.

Com base no Ato Institucional baixado pelos militares, o governo do marechal Castelo Branco começou um bem-sucedido trabalho de saneamento das finanças e reorganização político-administrativa do País. Na economia e na modernização da administração, o regime obteve inegáveis êxitos. O mesmo não aconteceu na política.

O Ato Institucional n.º 2, o AI-2, de 27 de outubro de 1965, desviou o movimento de seu rumo. Mais grave do que extinguir os partidos foi, como assinalou o Estado em vários editoriais - notadamente os de 28 e 29 de outubro -, tornar permanentes medidas de emergência, excepcionais e transitórias, destinadas a recolocar o País no caminho democrático. O AI-2 marca o afastamento do Estado do movimento. A sua componente civil foi definhando e ele se tornou essencialmente militar. Começou ali o processo que levou ao autoritarismo e ao arbítrio do AI-5, à censura, à repressão, ao cerceamento das liberdades civis e dos direitos individuais.

A redemocratização viria ao fim de duas décadas de arbítrio, graças à persistência de milhares de brasileiros que se comportaram de forma pacífica e ordeira, repudiando tanto a violência empregada por aqueles que escolheram equivocadamente a luta armada quanto a brutalidade dos agentes do regime de exceção.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
CUNHA RECUA DE CPI DE OLHO EM PRESIDIR A CÂMARA

Líder do PMDB e articulador do “blocão” que tentou emparedar o governo, o deputado Eduardo Cunha (RJ) quer mais do que se acertar com o Planalto, saindo da linha de frente da CPI da Petrobras: ele pretende disputar a presidência da Câmara, em substituição ao parceiro Henrique Alves (PMDB-RN). Mas terá de ignorar o acordo de revezamento que dá ao PT o direito de apontar o próximo presidente.


PT FEZ SUA PARTE

O acordo PT-PMDB, formalizado por escrito, devolveu o ex-presidente Marco Maia (PT-RS) ao baixo clero e garantiu o cargo a Alves.


ESTOU EM OUTRA

Signatário do acordo com o PT, Henrique Alves já prioriza a campanha ao governo potiguar, e não ousaria contrariar seu líder Eduardo Cunha.


MAIOR BANCADA

É da tradição da Câmara e do Senado a maior bancada escolher o presidente da Casa. Na Câmara, a maior bancada é a petista.


O PETRÓLEO É DELES

Do advogado Luiz Fernando Pereira, sobre o escândalo na Petrobras: “Alguns levaram muito ao pé da letra o lema ‘o petróleo é nosso’”.


LOBBY VEDA MINI-PRODUÇÃO E VENDA DE ENERGIA

Se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o governo não fossem tão suscetíveis à influência de geradoras e distribuidoras, o Brasil poderia fazer uma revolução na área de energia. Era só permitir, como na Alemanha, que cidadãos comuns e até empresas vendessem energia excedente que produzissem (eólica, solar etc). Hoje, resolução nº 482 da Aneel proíbe isso. Admite só “desconto” na conta mensal.


RENDA EXTRA

Na Europa, as famílias são estimuladas a produzir a energia que consomem e vender o excedente, garantindo-lhes renda extra.


LOBBY PODEROSO

Condomínios e produtores rurais poderiam ser estimulados a produzir e vender energia. Mas o lobby de geradores e distribuidores não deixa.


A REVOLUÇÃO

O estímulo à instalação de painéis de energia solar em unidades do “Minha Casa, Minha Vida” garantiria renda para pagar as prestações.


PULGA NA ORELHA

Gerou desconfiança o sumiço do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), dedicado com afinco ímpar à MP 627, que trata da bilionária tributação de lucros de empresas brasileiras com operação no exterior.


CHEQUE EM BRANCO

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) critica a pressa para aprovar a MP 627 sobre tributação de lucros de empresas com operação no exterior: “Nem discutimos os artigos novos. Não vamos dar cheque em branco”.


VÍDEO

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) promete celebrar o aniversário da ditadura divulgando vídeo “com personagens de esquerda que, com desassombro, confessam execuções sumárias, assaltos e sequestros”.


SEM MEDO DE SER FELIZ

Seguindo exemplo dos artistas que se utilizavam de pseudônimos para burlar a censura do regime militar, as “dilmas boladas” proliferam hoje e enganam a Justiça Eleitoral fazendo campanha antecipada sem medo.


VERDES NA CPI

O líder do PV, Sarney Filho (MA), pediu ao líder do PPS, Rubens Bueno (PR), para entregar só esta semana as assinaturas dos nove deputados do partido favoráveis à criação da CPMI da Petrobras.


REPULSA RECORDE

O jovem governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), não será exatamente um cabo eleitoral dos sonhos para o presidenciável Eduardo Campos: seus índices de rejeição superam os 80%.


SEM CONSIDERAÇÃO

O ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que mantém a pré-candidatura ao governo do Rio, é só mágoas com o senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), que até agora não o procurou para discutir aliança.


EDUCAÇÃO DO FINGIMENTO

Além da iminente greve antes do recesso de 32 dias, na Copa do Mundo, professores do DF já têm definido: começa em 23 de dezembro a “reposição das aulas” perdidas no Mundial e sua paralisação anual.


O PILOTO SUMIU

O governo da Malásia informa: fotos de satélite mostram dezenas de objetos boiando que podem ser destroços da Petrobras.


PODER SEM PUDOR


O EX-FUTURO MINISTRO

Jânio Quadros era prefeito de São Paulo, em 1988, e recebeu o jovem secretário municipal João Mellão, 31, com uma novidade:

- O senhor é o mais novo ex-futuro ministro da Administração!

Explicou que recebera um telefonema do presidente José Sarney pedindo sua liberação para o ministério. “Recusei de pronto!”, avisou.

- Mas, prefeito, eu seria o mais jovem ministro da História…

- É… – concordou Jânio – e com certeza a carreira política mais curta também… Relaxe, rapaz. E volte ao trabalho!